PEDRA E MUSGO

Teu segredo

resvala nuances pela minha boca

e me olha como um bicho estranho

estranho bicho, ante o qual pergunto:

Estou na Terra?

Mas, à força

de velar transparências,

fabricas

um caleidoscópio

para minhas antenas.

A nossa antiguidade é muita.

Que é mais velho, meu musgo ou tua pedra?

Se ambos conheceram os mesmos oceanos...

Meu olhar é teu segredo

familiar como um bocejo

ou pesadelo noturno.

No intervalo o dia,

que não responde perguntas.

Como um deus taciturno.

Do livro POEMAS DE AZUL E PEDRA, Editora Mirante, 1984.