VULCÃO - Regina Lyra
Erupção de sentimentos vários
materializa o nojo do escarro.
Empaca na inércia
o sussurro do vozerio
absurdo.
Gemido no calafrio da noite
incontrolado arrepio da pele,
desmonte do calor que oprime,
em larvas escaldantes de agonia.
O grito pálido
surge como um carrasco
amedronta na escuridão,
agouro noturno.
No sono
prazer do pecado,
esperança no amanhecer.
O mel se espalha pelo rosto,
o corpo adocicado aguarda
com seu jeito maroto,
vacila na primavera da vida.
A manhã surge voluptuosa,
insinuante nas artérias
do renascimento pleno,
em explosão de gozo,
imenso.
(Poema publicado no livro Insensatas Palavras. Ed. Universitária: João Pessoa, 2003).