Igualdade Exata

Teu sangue agora corre em minhas veias

marcado ao compasso dos meses;

um pequeno mundo dentro do meu mundo,

resultado compulsório do teu corpo.

Me fizeste um templo sagrado,

sacramentado pelo mistério da vida,

fragrância reluzente da alquimia do amor,

igualdade tão exata dos mortais.

Corpo, semente e alma,

anomalias de inebriante paixão:

uns são amargos frutos do acaso,

outros, a mais sublime emoção.

Sangue é marca presente

de pais separados, de filhos errantes;

eis as divergências da vida,

eis o destino dos amantes.

Que importa?

Na vida ninguém é de ninguém,

a alma sobe livre, solitária,

faz-se do amor uma leve centelha

que se desfaz no ápice da mortuária.

Na metamorfose de cada instante,

uma nova vida no meu mundo;

auspiciosa lembrança de um leito,

histórias banais, inocentes adjuntos.