Declaro-me culpada...
Confesso que fui eu que troquei a aurora
para te poder ver logo pela manhã.
O cheiro a maresia que sentias e que tanto cheiraste
eram das minhas lágrimas salgadas, misturadas no teu mar.
Confesso que fui eu que pedi àquela gaivota
para te fazer companhia naquela tarde que te sentias tão só.
Soprei lilases e mandei-os para ti.
Limpei a lua para brilhar mais para ti.
Afastei todos os ventos,
para que o sol ficasse mais quente… para ti…
Confesso que navego em mares de sonhos,
que trago as ilusões como lâmpadas na vida apagada,
que faço dos desejos realidades prometidas…
Que trago nas mãos palavras como estrelas caídas.
Juntei as almas dos escritores e dediquei
todos os poemas de amor… a ti…
Peguei nos teus versos, poeta, e senti cada palavra,
cada sonho, cada desejo… como se fossem para mim…
Confesso que guardo o brilho dos teus olhos,
a força das tuas mãos, o cheiro do teu corpo,
o calor dos teus lábios…
…a tua voz… trago-a escondida dentro do meu peito…
Declaro-me culpada… de tanto te amar…
Vanda Paz