KÁTIA

(REFRÃO)

Kátia,

os pássaros desfilam no teu rosto numa algazarra de cores

dentro dos olhos. e a oração levanta mulher

Os cabelos teus palácios de vento cheios de trombetas soando em

direção aos mares.

Às vezes quando o silêncio dá lugar à imagem ninguém vê

o que transparece no caminho que leva às profundezas do coração.

Feras feitas de música dormem no aconchego das cordilheiras mudas

do teu corpo cru como uma linguagem intraduzível.

Teu andar puxa o oceano que ondula embalado ao ritmo dos quadris

de pérolas macias

sob núpcias de cometas que esvoaçam refletidos na carne-marinha.

Posso me enganar a quanto a mim quando não sonho

mas não posso conter a mente que rasga paredes

a vai-se espalhar no deserto sussurrado das estátuas inquietas.

Sei que teu colo cristalino guarda o vulto de beijos que ecoam no rosto

feito caverna recebendo o mar.

Não vou definir o amor

mesmo porque a distância é

um sinal

proibindo o trânsito do desejo e o céu foi tomado caem pedaços do céu

quente

queimando a calçada,

anjos com língua de raio anjos com

dentes-de-sabre

empunhando metralhadoras retalham a espinha do céu e desabotoam estrelas

submersas no sangue

escorrendo entre o cósmico e a parede.

É uma pena eu não poder dedilhar um violão ao teu ouvido

mas é que a poesia é uma clave do íntimo

Garanhões velhos manquitolam na estrada do erotismo absoluto

mas acabam nas cercas pendurados nas dúvidas

(Kátia, vem cá te avisei, amor e diferença só combinam, --------

Kátia, vem cá te avisei, amar-se é fazer o destino ------------------ refrão)