CANTAR O AMOR
O coração, por longo tempo,
Fechado às emoções do amor,
Imune ao sofrimento e à dor,
Não lhe sobrevinha contratempo
Algum.
Por força de fator nenhum,
Se me enlevara a alma,
Nem nada me tirara a calma
De uma vida pacata, comum,
Um tédio.
Parecia não haver remédio
Para o triste mal da solidão,
Nada, enfim, me dava a impressão
De que escaparia ao assédio
Da amargura.
Até que, em ti, encontrei a mais pura
Dedicação, o mais doce carinho,
Deixando, então, de ser sozinho,
Envolto em tua sutil ternura,
Minha musa.
E não mais há verso que eu produza,
Que se não dê ao sentido de exaltar-te,
Apregoando o teres, do amor, a arte,
Por única que és, que me conduza
A amar.
E, para sempre, pois, eu hei de estar
A todo o tempo em tua companhia,
Estrela do amor e da poesia,
Inspiradora que me faz cantar
O amor.