7 meses
Sete meses
Tudo perfeito,
feito flecha e seta,
olhar e mira,
boca e língua.
As mãos são feito
estrada e mapa.
Vida e expectativas,
sonho em vida.
Dias eternos,
noites cheias,
além das horas.
Tato e pele,
pés e mãos se entendem.
A boca conversa com os gemidos
centrados e nascidos
nas entrelinhas das coxas.
A intimidade mora nos olhos cerrados
nas poucas palavras ditas,
abraçada com uma cumplicidade tamanha.
7 meses incompletos,
restritos e acabados
à flor da pele.
A flecha machuca o coração
o olhar não está mais cego
e o perfeito está no nada,
perdido em todos os defeitos.
A canção não toca mais,
a saudade passou da idade,
a dor cansou da dolorida verdade.
7 meses,
prazo de validade do encanto,
de todo fantástico momento
em que não se tem noção de tempo
nem de amor.
Fins de namoro
são punitivos como uma foice
cravado no coração de quem
não via nada de errado
o amar de todo dia.
Foice todo o ardor
e zelo.
Foice todas as juras
e noites bem dormidas.
Foice todos os planos
agora curvos como folhas ressecadas.
Foice num formato seco e sete,
levado ao vento
a cortar todos os ares.
Daniel Pinheiro Lima Couto.
02/01/2008