Coração trovador
A felicidade de um pobre poeta
festim de carnaval seu brilho parece
ensaia a florescência o ano todo
para tudo acabar na quarta-feira.
Como uma gota de orgalho tênue
tem vida breve de folha outonal
em um piscar de olhos da lua,
goza o inspirado poema de amor
levando amantes a loucuras
e logo após se confina solitário
a sonhos de fantasia efêmeros.
Seu doce desejo se amargura
e temendo padecer desventura
em gente das águas que inventa,
delira, mata-se e por fim renasce,
move toda a aurora sobre o mar
com a cabeleira ruiva da rocha,
no anzol-emoção pesca o mundo,
cardumes de versos o vestem.
Metaforiza perdão ao passado
em tantas primaveras sonho parindo
que ninguém imagina se ri ou chora
o vulnerável lírico coração trovador.