SEU OLHAR
A primeira vez, e tudo mudou,
Na vastidão dos olhos que o tempo calou.
Gatunos, furtivos, um enigma a brilhar,
Um véu de mistério, um convite a sonhar.
Olhos de tigre, selvagens, profundos,
Portais que revelam mil outros mundos.
Refletem a água em sua calma corrente,
Mas escondem torrentes de alma fervente.
Pensativos, guardam segredos sem fim,
Sonhadores, vagueiam do agora ao porvir.
São caminhos que levam ao doce perder,
Sem mapa, sem volta, só o prazer de viver.
E ao olhar, é como tocar o eterno,
Um fogo que aquece, um brilho tão terno.
Olhos que falam sem nunca dizer,
Que em seu abismo é onde quero me ser.
Tião Neiva