Leia-me se precisar de mim

Leia-me, quando ver que escondo,

A preocupação, nas respostas rudes e grosseiras,

Há uma pessoa machucada no escombro,

O cansaço, entre minhas olheiras.

Leia-me, quanto lembrar dos traumas,

Se eu levantar todas as armas,

Calma, tenho garras e não palavras áureas,

Eu lembro da mancha de todas as almas.

Leia-me, nos momentos solitários,

Irritados, separados, cobertores frios,

Rasgaram o meu peito e eu costuro fio a fio,

Sorrio com dentes solidários.

Leia-me, se estiver calado demais,

Silêncios prologados são anormais,

Sobre o natural, silêncios são mortais,

Tenho machucados, parecem imortais.

Leia-me, na falta de animação,

Quero ação, mas não consigo fazer,

Parece até que é melhor morrer,

Vejo que é só variação.

Leia-me nos aborrecimentos temporários,

São as falta dos honorários,

Dos horários que não produzi e frustrei,

Tudo tem solução, eu sei.

Leia-me, nas agonias,

Nas frases com ironias,

Sou perverso, até em cada verso,

Eu queria dizer o inverso.

Leia-me quando eu me defender,

Quem levantou a mão não foi você,

Não era sua intenção,

Mas esse medo é maldição.

Leia-me quando não quiser ajuda,

É minha forma de luta,

Contra mim e contra os machucados,

Não que as vezes estejam errados.

Leia-me, nas reclamações,

Preciso me esvair das aclamações,

Esquecer todas as humilhações,

Calar as provocações.

Leia-me, mesmo sendo um livro fechado,

Com páginas ásperas que fazem machucado,

Mesmo com textos ensanguentados,

Apenas um escritor fragilizado.

Leia-me, quando precisar,

Leia-me quando querer,

Leia-me, quando me amar,

Leia-me, quando doer.

Leia-me, no meu egoísmo,

Mesmo se identificar cinismo,

Sou uma leitura fria,

Sou imbuído de hipocrisia.

Leia-me, até eu me rasgar,

Escolha se quiser me descartar,

Se quiser me guardar,

Leia-me toda vez que me amar.

A leitura mais profana,

Que as vezes encanta,

A auto crítica é o tema desse livro amador,

E eu sou o meu pior crítico, meu pior leitor.

Leio-me e não gostei,

Deste poema que criei,

Esse silêncio, eu mereci,

Essa tristeza eu escrevi.

Leio-me e talvez processe o autor,

Pela própria falta de amor,

Por parecer que é um texto de dor,

É um texto de amor.

Leio-me e estou infeliz,

Com a situação, não com esse conto,

Esse busca um final feliz,

E eu amo esse último ponto.

Esse ponto final,

Me faz um mal,

Mas afinal,

Eu não sou mau.

Leia-me, com olhos da primeira vez,

Quando leu o fundo de minh’alma,

Quando apaixonado, me fez,

Quando virou a minha calma.

É um eulírico em busca de redenção,

Em que o narrador, quer ouvir tua voz,

Se for, guardarei em meu coração,

Será um golpe atroz.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 23/11/2024
Código do texto: T8203309
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