MORADA DO SILÊNCIO
Amar é mais que gestos que se perdem no vazio,
mais que lágrimas varridas pelas madrugadas,
seja por raiva ou saudade.
Amar é entrar em silêncio,
é sentir o cheiro do outro, o calor do corpo,
no abraço que faz o coração saber onde mora.
O amor não se define, nem se mede ou explica —
ele acorda o corpo, desperta a pele,
vive e respira em cada batida sem nome.
Quem tenta explicar o amor, não ama.
Eu poderia falar de tudo,
do que é terreno ou do que é céu,
mas sem amor, de que vale a palavra?
Só quem ama conhece o real,
tornando-se puro, bondoso, invisível
como o calor que nunca se vê.
Amar é uma dor que não dói na carne,
mas na alma que se alegra e se entristece,
numa dança entre o doce e o amargo.
É querer estar perto,
mesmo na solidão,
é celebrar uma perda,
é escolher o outro antes de si,
viver com fidelidade em meio a contradições.
Enquanto tudo parece cinza,
o amor colore.
Quando o horizonte se quebra,
é o amor que nos devolve a visão.
Quem ama encontra a paz
que o mundo insiste em tirar.
Amar está no riso compartilhado,
no abraço que dissolve qualquer medo,
nas borboletas que fazem do encontro
uma dança única e insaciável.
Amar é o que faz o comum,
extraordinário.
É ver no outro o que em nós faltava,
e achar a calma onde o mundo é tempestade.