MAPA DA ALMA (BEATRIZ)
Ah, se esse seu doce mistério falasse,
O que realmente ele iria me dizer?
Iria simplesmente ficar deveras calado,
Ou contar-me um pouco mais de você?
Esse seu cândido olhar,
Deixando-me completamente vulnerável e,
Pelo fato de necessitar alvejar o intangível,
Dado ao passo que nada sou nesse tempo.
Desnorteado e desarmado, assim, tu me alimentas!
No apogeu de minha finitas faculdades,
Mas que aos poucos, vejo que se perdeu,
Por caligrafar-te demais, em mim, se escondeu.
Oh, princesa misteriosa! Quedo-me diante de ti,
Caminhando contra a própria sorte, mas feliz.
Quisera eu, poder-te levar-te ao sol,
E libertar-me de ser um ator teatral,
Para que eu tente anular o que não sou,
E para sempre, venha a declamar o seu prenome.
E no mais intenso mapa da alma de mulher,
Perceber todos os pormenores de seus vestígios,
Dos quais são-me complicados demasiados,
Para querer deduzi-los, e até mesmo, senti-los.
Beatriz, de todas as rimas deixadas,
Nas paredes de uma casa interna,
Talvez essa seja a mais elaborada,
No que tange a beleza da rosa que guardas.
Que na ausência, se faça teu reflexo,
Virar canções para além dos fenômenos.
Que habitam este céu e esta nova terra,
Neste ato do acaso que não se entende.
E por quais motivos, as noites são tão insanas?
Será que elas ainda são o suficiente?
E quais os sinais que vens mostrando,
Na iminência de que eu continue a venerar-te,
Com apenas um tanto que posso fazer?
Pois sois a face incorruptível dos arcanjos,
Dos quais escutam as orações com tal intensidade,
Colocando-me em minha boca, o néctar, a qual permitir, que ficasse para trás.
Poema n.3.098/ n.69 de 2024.
SÉRIE DE POEMAS - BEATRIZ NA SUA ESSÊNCIA - DEDICADO