De olhos bem vendados
Costurei os meus olhos
E tranquei os meus ouvidos brutalmente
Para que fosse impossível conhecer o meu presente
Afastando toda gente
E assim como um coelho
Me estoquei na toca
Me anulei, me desperpedicei, me julguei
E assim quase morta,
Depois de muito nadar
Depois de muito amar,
Me afoguei
Abandonei o navio
E deixei a embarcação naufragar,
Só assim consegui,
Enfim respirar
Criando mentiras na mente
Que nunca vão se apagar
Mas apaguei a luz,
Com medo da verdade me cegar
Apertando bem meus olhos
Para nunca mais acordar
E então pausei toda melodia,
Quebrando a sinfonia
E a vontade de dançar
Me parti e reparti tantas vezes
Que desaprendi a contar
Cada passo dado,
Trazem sonhos congelados
Aguardando o sol chegar
Mas as marcas do passado insistem em ficar
E as marcas do teu rosto
Admirando o nosso romance
Me recuso a relembrar
Mas sempre há aquele roupante,
Momento apertando
Num segundo tedioso,
Que me faz rebubinar ,
Um abraço caloroso
Que de tanto orgulho bobo
Fui incapaz de aproveitar
De repente me vejo desaguar,
Desejando ver de novo
O meu sorriso refletir
No seu olhar