De olhos bem vendados

Costurei os meus olhos

E tranquei os meus ouvidos brutalmente

Para que fosse impossível conhecer o meu presente

Afastando toda gente

E assim como um coelho

Me estoquei na toca

Me anulei, me desperpedicei, me julguei

E assim quase morta,

Depois de muito nadar

Depois de muito amar,

Me afoguei

Abandonei o navio

E deixei a embarcação naufragar,

Só assim consegui,

Enfim respirar

Criando mentiras na mente

Que nunca vão se apagar

Mas apaguei a luz,

Com medo da verdade me cegar

Apertando bem meus olhos

Para nunca mais acordar

E então pausei toda melodia,

Quebrando a sinfonia

E a vontade de dançar

Me parti e reparti tantas vezes

Que desaprendi a contar

Cada passo dado,

Trazem sonhos congelados

Aguardando o sol chegar

Mas as marcas do passado insistem em ficar

E as marcas do teu rosto

Admirando o nosso romance

Me recuso a relembrar

Mas sempre há aquele roupante,

Momento apertando

Num segundo tedioso,

Que me faz rebubinar ,

Um abraço caloroso

Que de tanto orgulho bobo

Fui incapaz de aproveitar

De repente me vejo desaguar,

Desejando ver de novo

O meu sorriso refletir

No seu olhar

Grécia
Enviado por Grécia em 18/09/2024
Reeditado em 18/09/2024
Código do texto: T8154428
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