Maresia
Eu me rasgaria (de novo)
para te ver sorrir;
eu me destruiria por dentro
para não ter que te assistir partir,
mas você não ia querer
apenas pedaços de mim
se não me quis inteira.
Você conheceu minha versão
amante e minha versão derrotada.
Me diga, você gostava de me ver
caminhando aos teus pés?
Ao seu ritmo, nos teus desejos,
te entregando o que eu tinha
e o que eu não tinha,
só para tentar te agradar?
Seus olhos são tão lindos,
mas a mim foram crueis.
Você me fez te gostar,
quando é que se inverteram
os papeis?
O meu papel de sofredora
eu desempenhei muito bem,
assim como sempre faço.
Me viciei em você e não há cura;
Teu amor não correspondido
me tortura.
Quais são os teus vícios?
Você foi embora e me deixou aqui.
Eu te convidei para fugir comigo
e você aceitou;
quando foi que o teu plano mudou?
Eu fiz minhas malas e saí para te encontrar,
só para te assistir me deixar.
Eu deixaria tudo para trás
se você estivesse à minha frente.
Agora.
Neste instante.
Eu faria isso por você agora.
Eu corri com os olhos fechados
e desabei fundo no oceano.
Você não gosta nem da brisa do mar.
Me afoguei na ideia de você
e cada pensamento sobre nós
era outra pedra amarrada
aos meus pés.
Eu tentei chegar ao fundo
para pegar impulso e nadar de volta
à superfície.
É lá que você está?
Se estivesse, você me diria?
Talvez, todo o tempo submersa
me ajude a curar os machucados,
ouvi que a água salgada é boa para isso.
Eu poderia construir meu próprio oceano
pensando em você.
Eu sei que oceanos não se constroem,
mas amores também não dilaceram corações.
A água me penetraria até às feridas
mais profundas.
Será que sou tão tola
a ponto de esperar que a solução venha
de um recurso tão limitado?
Você me fez visitar a todos
os meus extremos.
Mas o que mais me machucou
foi ver até quando eu aguentaria
depois de te ver sorrir
para sua outra Lua.
A gente gostava no céu,
mas você era minha galáxia inteira
e eu sequer cheguei perto
de habitar o céu da sua boca
como estrela.