Inquietude
Tive a impressão de que um vento forte me derrubara...
A inquietude da juventude,
A ansiedade da mocidade,
A ruir o forte tronco de longos anos,
A abalar a raiz que desde criança
Foi plantada na doce e terna esperança.
Tive a sensação de que um vento forte me assombrara...
Com seus uivos, seus segredos,
A me impor tremores, me impor medos,
A me calar a voz, quando tenho muito a dizer,
A me fechar os olhos, quando tenho muito a ver
Deixando-me no frio da solidão, entre respingos de chuva.
Tive a sensação de que um vento forte me ameaçava
A me arrancar a vida, me levar a sorte,
A me sangrar as veias e o pulso forte
Deixando-se frágil nas preces, a duvidar do mundo,
A me transformar, inerte, num estranho vagabundo,
Sem eira nem beira, sem prumo nem rumo.
Tive a sensação de que um vento forte talvez tenha nome
Com já apelidaram os tufões, as calamidades,
Não sei se desconfiança, não sei se impressão,
De que o vento forte se chama paixão.