Em Nome do Amor
Invado o céu sem roupa nem pudor
Num ímpeto pagão de eternidade,
Em busca da divina claridade
Sentida só nos êxtases de amor.
Insurjo-me com versos e floradas
Nas noites quando a lua veste o quarto
E, qual se renascesse em novo parto...
Sacio-me da luz mais desejada.
Incrédulo à nudez que se engalana
Nas chamas do celeste ritual,
Eu vivo o maior sonho dum mortal
Sentindo-me ser deus em forma humana.
Inverso ao meu efêmero trajeto
Navego sobre o belo onde levito
Expondo-me a naufrágios no infinito
Sedento pelo azul em céu aberto.
Inquieta-se o universo na minh’alma
No ritmo pulsante das estrelas
E assim que a luz eterna se revela
Serena o frenesi em nuvens calmas.
Incólume retorno das alturas
Num dístico de morte e nascimento
Envolto por febril alumbramento
Sedado em colo morno de ternura.