Simpatia À Dual Metafísica
Flores, mel, cor e sumo das frutas
Sigilos riscados a luz da lua,
Entrelaçados em simetria feminina
Sob sagrada forma triangular da vida
És a ti, o meu singelo rito
Templo de sedutores sacrifícios
Entrego-te o elixir das rosas,
Teatreio mil e uma acrobacias
Desejos fantasmas,
Díspares fantasias
No torpor da falsa morte,
Junção do néctar e carne
Sibilo aos céus, jubilosas sinfonias
Invocação astral da Musa
Clamo-te, corpórea deusa das delícias,
Pele de estrelas, olhos de éter líquido
Infundir em meu peito, doces sangrias
Matemática esotérica
fórmula da essência perdida,
Emanam filigranas de luz
de sua vistosa presença mística
Incendiária, exasperante e entorpecida
No posto da mais servil sacerdotisa,
Ofereço-te à graça de sua projeção física
Danças, incensos perfumados e ária de cítaras
Entidade primal de equinócios e solstícios,
Destino-te cálices do sangue vital da Terra,
Vinhos de uvas e ameixas da América e Oriente
Sabores ricos e concentrados da Oceania
Joias e amuletos da Índia
Inscrições secretas de Ísis,
Ishtar em hieróglifos etéreos
Maçãs selvagens de Alexandria
Simbólicos elementos de minha idolatria,
Policromia refletida em vitrais e fontes cristalinas
Tecem a conjuntura arduamente lapidada de sua basílica
Santuário suspenso, sobrepondo milênios
Parte difusa, disforme e atemporal de sua existência
Fundida na intimidade da conversão,
Lanço ao êxtase do movimento
Seus diversos nomes e representações
Salmo de língua própria
Encerro e recrio nosso ponto de fusão,
Devota, invoco-te à eternidade
- elemento diáfano da sua procissão -
Transgressora pluralidade,
Fundo-te em cada partícula
do sim, talvez e do não
Relicários da materialização
Reencontro-te em todo lugar,
Ao mesmo tempo, sentido e direção
No caos casual e contínuo
Fora de rituais, dentro das sensações,
O Tudo, o nada ou a junção
Condensados ao infinito da magia instaurada,
Finalmente alcança, atravessa e ultrapassa
Nosso ritmo de divergência e atração