Ode a Musa
(Ao delírio metafísico de meus desejos)
Ó Musa, renegaste meus sentimentos
a meros impulsos sem significado
Me classificastes igual criança, ou pior,
como o estereótipo do jovem que se perde
no jogo de espelhos e dardos.
Entre fetiches e prazeres
Tu, Afrodite,
Ninfa que seduz os deuses
Finge ou não vê a veracidade?
Não percebes que a junção do meu desejo,
paixão e amor, quer alcançar contigo,
segundo Platão,
Os mais altos graus de perfeição e felicidade?
Não sou o pobre superficial que você quer contemplar
Por ti, como Alceste, beijaria a morte sem temor e tardar
Ao teu nome, saquearia de Apolo, a mais suave melodia
E de Clóris, o néctar e o perfume mais raros
Que causam o fascínio de existir e amar.
Por isso te suplico, qual meu pecado?
Não julgues o mortal que de exaltação se consterna
Sendo você a Beleza,
O ser que representa minha busca de satisfação
tanto terrena quanto eterna.
Mas se nada disso te basta
Por fim adornaria suas curvas e contornos
com gravuras em relevo,
Edificaria templos e sacrifícios
banhados de mirra, especiarias e incensos .
A mais fina seda cobriria tuas estátuas
Arcos de vinha e flores emoldurariam
as colunas de mármore de teu átrio
E a completude do meu amor,
Sentimento mais puro e nobre de Minh’alma
Irradiaria na atmosfera deste santuário ,
Matizes translúcidas de ouro e prata.