*_ ESPUMA DE LEITE NO CAFÉ DA MANHÃ...

 

Quem diria que chegariam tantos verões sem ela?

Sem querer fui capaz de invocar o pior inverno para dias difíceis.

Talvez, ela não tenha percebido, mas quando se foi, as coisas á volta do meu meu mundo se congelaram.

Demorei um tempo pra acordar...

 

Hoje acredito que ela iria gostar de saber que as águas voltaram ao seu rumo, ao curso normal e que agora a vida vem branca e suave, como a espuma de leite no café da manhã...

 

Nunca contei, mas uma vez me enamorei de uma mulher que pintava

meus dias de azul.

Cúmplices fomos olhando as mesmas flores, frutos na estrada, paradas aleatórias e comer esfirra

de Jeriquara...

Imagino que ela seja a culpada de alguns céus dessa cor também, mas o que mais gostavamos era o céu pintado com nuvens brancas, com formas variadas a dar vida de acordo com a imaginação...

 

Às vezes, ainda recito o nome dela uma vez ou outra, contando alguma história, mas são águas passadas!

Escrevia-lhe cartas absurdas, depois do termino, ela nunca leu, nunca saberá do conteúdo mágico que mudaria toda sua história, mas rasgava ou apagava, talvez não escrevesse realmente a ela e sim para serenar minha alma.

Não, não estava senil, sou poeta esqueceste?

 

Quantas vezes tive medo que ela fosse apenas uma recordação, como um sorvete que escorre pelos dedos e só me restasse o doce sabor de lamber minhas feridas!

Hoje é só um borrão na lembrança...

 

Em um mundo de truques, abracei minha maior magia...

Escrever...

Estou a viver assim, uma vida em branco, onde vou desenhando meus feitiços...