IMPIEDOSO OLHAR
Topázio, safira, turmalina... Perdestes o tom!
Já não procuram o relicário
Mas o anis ao escapulário...
Olvidaram ao rubi, na luxúria de Siom!
Impiedoso olhar! Não posso mais!
Por que procurou Teu olhar, o meu?
Não basta a teus olhos a dor de Homero e Orfeu?
Já não há em meus olhos poesia, senão ansejos fatais!
Rogo! Exime o coração tombado em jura
Outrora os olhos de Joana na clausura,
Menos amarga era a taça, selada hoje por teus lábios...
É preciso que a pena escreva o que não pude
Ou levemente o vento, sussurre em placitude
As palavras que, em culpa, escondem os sábios!
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Observação
1 - "Siom" ou "Sihon" foi um dos reis dos Amorreus, na época em que Israel se aproximava da Terra da Promessa a Canaã.
2 - “Joana” - Se refere a “Joana de Lits”, freira do Convento de São Clement (1318)
Joana era dotada de extraordinária beleza, sendo muito cobiçada, apesar de seus votos
3 - "pena" - Se refere ao tinteiro e a pena, forma muito usada da escrita antiga