Parte I: A bêbada equilibrista
Gente, gente, olha lá
Uma bêbada equilibrista
Levando a vida como dá
Com seu jeito de artista
Gente, gente, vejam só
É uma bêbada vivendo
Ou tentando viver tudo
Que for possível ao mesmo tempo
Mas olha gente, como faz
A equilibrista pra manter,
Dia e noite, pode ser,
O equilíbrio que a ergue.
Aquela bêbada equilibrista
Acostumada aos desequilíbrios
Que a vida lhe oferece; mal
Sabe ela que terá, lentamente
Acertada, em uma noite
Enluarada, com Caetano ou
Outrossim; Dia a dia,
Ano a ano, a vida onde tenta
Equilibrar seu corpo vil.
Porém a equilibrista,
Que com seu olhar conquista,
Não encontra mesmo em si
Um refúgio de sua vida que,
Como equilibrista, não consegue
Equilibrar. E traduz em malabares,
Escondendo seus pesares,
Sentimentos e vontades, tudo aquilo que
Jamais soube enfrentar.