Da Dor ao Regozijo
Doi-me lembrar que partiu quando descoberta
e essa lembrança volta como um raio que cai.
Essa lembraça é feito sal em ferida aberta,
é feito ver um filho ir à guerra
morrer no lugar do pai.
Sinto o tempo como chuva fria e eu solo quente:
me erode. E inunda em saudade o vão criado.
Essa saudade cresce como árvore pungente,
se alastra feito um vírus consciente
num quarto cheio e fechado.
Sinto a dor dar lugar ao inóspito passado
e hoje tem visita do perdão que ali vai.
Esse perdão retira o véu que tem ficado,
revela que só nunca é perdoado
quem de seu pai é o próprio pai.
Doi-me! Transbordam os olhos ao sentir teu beijo
revendo o amor que é meu puro estribilho
do ventre ao colo; da mais amarga dor ao regozijo
de ver teu filho em teu seio (que é dele exijo)
ver renascer em meu peito a flor do reconcílio.