O desamor
Nas fronteiras do espelho de si, está o outro
O outro que carrega nossos sonhos e anseios
Que confunde nossos ideais e desejos
Que nos transporta para a infância de novo
No acalento do abraço, vai se desfazendo o apego
A mão se desprende, livre e solta
Os olhos vão se perdendo do começo
O fim daquele caminho não há mais volta
Na pele, falta a falta
Mal acompanhada pela solidão
Transparecendo o medo que maltrata
Ludibriada pela foránea desilusão
E o que sobra depois do desamor?
Retalhos de saudade, com ambígua dor
Frechas de silêncio e de rancor
Vazios enérgicos em busca de um novo amor
E quem peca nessa descabida expectativa?
Você, que colocou os obstáculos
Ou eu, que criei os caminhos errados?
Será mesmo pecado desejar, sendo essa nossa única alternativa?