Talvez...
Talvez em outra noite eu te ligasse.
Talvez em outra cama eu me virasse.
Talvez em outro corpo eu não ligasse,
e em outra idade eu renegasse o talvez.
Talvez eu mesmo em prantos perdoasse.
Talvez se mesmo em ira eu não gritasse,
ou mesmo em fúria eu lhe poupasse...
Talvez agora me restasse altivez.
Mas hoje a fiz ouvir sem inconteste
e após minha fala eu ouço a prece
de uma cama descoberta,
de uma porta entreaberta,
talvez pedindo ao Deus do Intento
por um olhar talvez sereno,
talvez atento ou mais ameno...
Talvez devendo olhar de novo o que fez.