Minha sina
caminhando sozinha percebi que nasci pra ser
livre,
vazia
e sua.
entre o frenesi e o pesadelo de se estar viva,
te vejo espreitar a janela
do meu coração,
assim como quem não quer nada
ou quer tudo e não sabe pedir.
a existência da magnitude do seu sorriso
corrompe os meus dias mais frios
e densos.
sua lábia invade a fresta do meu peito.
meu peito te isola no canto mais escuro da casa,
não por mal, não porque dói
mas porque é quente
e você é feita de fogo
que não apaga nunca,
mesmo que eu chore rios
e desague sobre sua pele.
permaneço quieta e escuto o seu respirar
como se fosse uma melodia
composta por Beethoven.
permaneço quieta e escuto o seu peito
desabrochar
e choro baixinho
te pedindo pra ficar
porque te ver de longe
destrói o lugar mais bonito
que chamei de casa.
seu lirismo tateia os meus ouvidos.
e não escuto nenhum outro som
a não ser o seu ao chegar em casa
me buscando com os olhos
de quem se doou demais.
você é a minha sina
e não sei viver uma vida diferente
da vida que conheci
ao conhecer você.