Poema sem nome

Se eu tivesse visto a nuvem negra se aproximando de nós

teria fechado as janelas, coberto as frágeis flores para não serem destruídas.

Teria feito nossas malas para fugir do vendaval,

do ciclone do desamor, do rancor, do pesar das palavras.

No caminho da porta de saída foram levados anos de doçura,

daquele açúcar que faz bem ao coração.

Devolveu-me apenas o fel que contamina todo o corpo

que embrulha o estomago e vomita sentimentos podres.

Cada palavra um soco. Cada soco uma vida indo embora.

Sem retorno, sem socorro, e nossas histórias?

Foram levadas pelos dias, foram devolvidas fragmentadas em pequenos momentos.

Quem me dera esquecer o que não se apaga,

quem me dera apagar o que aconteceu.

Clamo sem esperanças de que o tempo vença os dias que passam lentos

e as noites que nunca passam.

Banhada em pensamentos com gosto de sangue,

tento em vão limpar com lágrimas a vidraça da minha alma.

Enfim cala-se a voz do passado liberta por minha boca ainda muda.

Já não vivo o mel de meus dias outrora,

mas caminho sem que as pedras possam ferir meus pés.