*_ SOB O OLHAR DA CURANDEIRA...
Irlanda 1743/ 02 de Agosto
O vento sopra frio através dos meus cabelos.
Por um momento estou congelada, como os fantasmas negros congelados em um cristal de quartzo.
Como bruxa nunca estive pronta para o frio.
Eu costumava não gostar muito do inverno, agora eu aprendi
a amá-lo tanto quanto o outono e a primavera.
Sou, uma mulher selvagem enfrentando o desconhecido.
Perdi a noção de como cheguei aqui...
Dizem que sou uma Encantadora do Pântano, que tudo vê, enquanto atraio as sombras na água.
É uma loucura como galhos, rios, pulmões e veias das
folhas se parecem todos iguais.
Adoro caminhar sobre folhas de tons dourados no outono.
Minhas coisas favoritas ainda será o pinheiro, samambaias e
o som de melros cantando ao longe.
Eles dão-me a sensação de que não estou só.
Eu posso sentir o mundo respirar, exalando sons terrestres.
Eles flutuam muito fundo, giram como o mecanismo do dia
frio, lentamente.
Quando as primeiras flores estiverem a florescer, e as árvores se tornarem em cores brancas, cor- de- rosa,
amarelas e verdes, ele estará chegando...
A primavera está perto e o Cavaleiro também...
Sua vinda é o que me mantém viva no mais escuro das noites
de inverno.
As velas são como luzes das fadas.
A luz pode ter muitas faces diferentes, também pode ser
pessoas que trazem o calor, a música, a comida, todo tipo de
arte.
O silencio me fez profunda e solitária...
A luz pode vir em muitas formas e sempre vou me sentir
reconfortada.
Ele está chegando e com ele as mil poesias de suas histórias
e o olharei como quem se lê um livro de magia.
Em cada estação tem uma história
Cavaleiro...
E haverá primavera à sua espera onde você me deixou...
06/junho de 2019