Lunário
A lua prenhe de luz,
vestida de arrebóis,
refletiu-se na vidraça
e acordou os girassóis...
Exalando claridade,
em total luminescência,
abriu sol nas margaridas,
e amanheceu nas hortênsias.
Trouxe lumes de manhã
à camélia e às onze-horas,
e as rosas se definiram
com volúpias de aurora.
No jardim iluminado
por lunático delírio,
fez transbordar poesia
abrindo as taças dos lírios.
Perfumou-se nas gardênias
em luminosos afagos
e encantou os narcisos
com o espelho do lago...
Adentrou pela janela
com raríssimo fulgor
e foi beijar, nos lençóis,
a divina flor do amor.