SEM VOLTA, SEM DÓ

Ainda sou aquele que te pediu colo

Ainda sou aquele que chorou ao sentir a partida

Ainda sou aquele que gritou de medo

Ainda sou aquele que insistiu no erro

Sou mais velho, mais tolo, mais solto

Sou mais pronome, menos adjetivo

Sou mais eu, sou menos você

Isso eu sei...

Muito mudou: o tempo, o cheiro, o gosto, a voz

Pouco passou: o mesmo tempo, o medo, a lembrança algoz

Ainda sinto o passado a penetrar as entranhas da minha alma

Posso ver você ali parada olhando

Incessante no pedido de compreensão...

Como se fosse um grito!

Como se fosse vício! ... Não deve ser tão livre assim

Mas minha tristeza que nunca terá fim.

E não é por pena não!

Agora vou tentar ir sem rancor,

Pra descobrir quem sou...

Mas, sem poupar meu sono, sem poupar meus sonhos

Sonhei assim te perdoando... esquecendo o quanto errou

Mas só não me venha mais falar de dó...