As ondulações dos sonhos.
Você voltou me encontrou só para despedir da minha pessoa, o vosso olhar compreendeu o meu fluido dissolvido no infinito como uma onda do ar.
Tudo que sobrou apenas o azul cosmo físico preso nas ondulações do universo.
Muito bom que seja deste modo, entretanto, sou uma micro partícula quântica na eternidade do tempo.
Tudo mais não teve sentido a não ser as vossas emoções, a minha essencialidade sempre foi o seu encanto.
Voltou e me encontrou prematuramente partindo, vítima da estupidez humana.
Você poderá me ver na luz das estrelas, no esplendor da vossa beleza e no hidrogênio do sol.
Você me encontrará na água do mar, nas folhas coloridas das árvores do campo, no cimento que foi usado na construção da vossa casa.
Você voltou e me encontrou perdendo a minha cognição, o meu DNA mitocondrial derretendo, você ainda conseguiu ver o meu olhar fugindo dos seus sonhos.
A vida é deste modo, somos nossos fluidos sumidos, você voltou e viu a minha essência transformando em nuvens, sendo apenas poeira cósmica.
Sabe o que é ser tão somente a imaginação de um desejo esquecido, como se nada promulgasse sentido, como de fato a existência funciona.
Você voltou e viu o meu desaparecimento, como se um dia tivesse passado por aqui, você sentiu a escuridão dos raios de luz, não lamento pelo fato da vida ser desta forma.
Não é possível a vida ser de outro modo, você voltou e me viu sumindo, subindo ao céu através do ar, para ser o vento, a noite escura e fria.
As madrugadas não poderão ser despertadas.
Você ainda conseguiu escutar a minha voz despedindo da vossa complacência, dizendo ao seu encantamento, nunca mais serei, a minha eternidade acabou-se.
Saíram dos seus olhos lágrimas, era o fim da ternura, o término do meu indelével afeto, o inefável encanto exauriu-se nas ondulações dos nossos sonhos.
Edjar Dias de Vasconcelos.