*_ A MAGIA DO QUE NÃO SE CONTA...


Sempre me senti mais em casa em lugares intocados pelas mãos humanas.
Onde posso aqui ouvir o som da minha própria respiração enquanto os meus pensamentos se dissolvem na terra e sob minha pele nua.
Aqui sou criatura livre e por um certo tempo Inocente.
Inteiro...
Uma fonte viva de força, cuja capacidade de se auto curar transcende qualquer força que ameace escurecer essa luz interior.
A natureza foi uma deusa soletrada pela própria eternamente dedicada ao caminho dos meus e teus sonhos de infância.
E agora adultos...

A quietude sussurra segredos através do vento.
Sou capaz de ver teu sorriso em meio às flores e o cantar dos pássaros as duas e meia da tarde.
Carregando o ritmo de canções de ninar antigas que nasceram além dos limites do tempo.
O rio revela a beleza da rendição enquanto você pinta seu caminho sem esforço através destas folhas silenciosas a beira da estrada.
Daqui a pouco meus olhos verão a imagem do Cristo fora da cidade...
Você sabe de onde minha alma é...
As árvores berram o calor do sol nos seus ramos enquanto se estendem mais alto em direção aos céus.
Nada é forçado.
Nada está apressado.
O tempo parece congelado em tudo que olho.
Até o vento parece chorar comigo.
Muitas vezes estivemos aqui esperando apenas o fim da tarde pra comer rosca-nuvem.
O pão-doce que não há na tua terra.

Lembro-me de tudo tão vivaz que chega a doer o peito.
Seguro as lágrimas...sou humano demais...

Sou quase capaz de escrever na paisagem etérea meus versos por ti.
A natureza nos lembra que não há para onde ir.
Nada para fazer, fugir.
Sem chances de lutar contra a saudade ou a magia do que não se conta.

Essa existência não tem minha autorização para ser suficiente...