DESTINATÁRIA

Tu és minha escritora sem sabê-lo.

Quantas vezes o pensamento

de que lês o que escrevo

não me incentivou a fazê-lo?

Quantas vezes não rascunhaste

as primeiras linhas dos versos

e, na luz acesa, não me cantaste

o ritmo das estrofes, rindo ao relógio?

Quantas vezes não me pontuaste

onde cada canto de ti se encaixava

e sopraste a métrica dos teus lábios?

Quantas vezes não te compuseste

do infindável vocabulário mágico

que representa a sua beleza

na vasta língua portuguesa?

Quantas vezes não é só teu nome

que confere valor ao meu poema?

É só na sutileza da tua leitura

- Se lês, porventura, –

que meu texto é texto.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 25/05/2021
Código do texto: T7263721
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