PALAVRAS RASGADAS

Rasgo as palavras em mil pedaços

Rasgo as palavras com raiva e dor

E lanço-as no irado furacão

Que violentamente

Passa rasando a minha porta

Não me causarão mais embaraços

Não machucarei mais ninguém

Nem o meu nem o teu coração.

Refugio-me dentro de mim

Onde encontro sempre acomodação

O que se passa cá fora, já não me importa!

Castigo-me

E flagelo-me com severidade

Por estar sempre

A andar em contramão

Eu não infrinjo as regras

Por gozo ou por maldade

As palavras saltam da boca

Sem que eu consiga pôr travão

É a minha santa ingenuidade.

Agora ...

Com as palavras rasgadas

Já não vale a pena, emendar o soneto

Perdi o meu grande amor

Que eu julgara tão grande

Mas afinal era pequeno

Não resistiu a um contratempo

Eu havia enviado rosas

Mas chegaram apenas os espinhos.

Fui comprar um cadeado

Para fechar no peito o coração

Dei quatro voltas á chave

Não vá o tresloucado

Querer fugir da prisão

E voltar a meter-me em cadilhos.

Agora só vou amar o próximo

Como se fosse meu irmão!

©Maria Dulce Leitão Reis

Copyright 27/04/15

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 01/05/2021
Código do texto: T7245425
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.