MEUS DIAS DE DANTE

quando parti

deixei retalhos de mim

espalhados pela casa toda;

pedaços meus

grudados em cada contorno dos móveis,

no silêncio dos quartos vazios

ecoava minha voz rouca e desafinada,

entre as paredes brancas e,

às vezes, rabiscadas,

dava para sentir o fantasma de minha alma passando como uma sombra na noite vazia,

no último trancar dos portões,

ouvi suas vozes, ainda dormentes,

e cada sílaba delas

coincidia com o ritmo dos meus passos,

estrada afora,

como uma agulha afiada fincando carnes e ossos!

doeu a saudade, e ainda dói ela,

por tempo segui Dante pelas entranhas do seu inferno,

sofri e chorei, de inverno a inverno,

mas para ficar em pé e sorrir de novo,

dobrei os joelhos noites e noites solitárias,

e ainda estou aqui,

pois, para me derrubar,

tem que ser mais forte do que a Mão que segura,

Pai!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 28/01/2021
Código do texto: T7170627
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