RENASCIMENTO

Nunca tive a intenção de viver só.

Quando ia subir no trem, a solidão

me puxou pelo braço, me abraçou.

É uma sensação que nunca mais nos abandona.

Deve ser como a folha que cai da árvore

e é levada pela correnteza.

A lógica da matemática é que tudo tem sua medida.

E um dia outra solidão apanha o braço da primeira

e a leva embora.

Um vazio cheio de ar temperado gira no peito

e é como um uivo de lobo na lua cheia,

d'algum lugar o amor se aproxima.

A pessoa nunca sabe quem virá.

O amor não tem face, nem signo.

É um vulto estranho batendo à nossa porta.

Separado da solidão, esse sentimento

se recompõe, revive noites estelares,

torna o homem o deus de si.