LÁ NO FUNDO
Te vejo sentada no escritório,
lendo relatórios,
profundamente mergulhada
nas contas alheias, sem nada
pensar sobre sua vida,
como se viver fosse sono e comida,
isenta da poética das palavras...
Te levo um café, você bebe,
te levo um biscoito, você come,
te levo um poema, você diz, pra quê?
te dou um beijo, oferece a bochecha,
o relatório te espera, está na mesa...
Quando escapa das teias da economia
se lembra, lá no fundo, daquela poesia,
me pede um beijo, docemente se entrega,
diz, baixinho, vou largar tudo,
essa loucura nunca mais me pega...