QUIS SABER DE DEUS O QUE ERA O AMOR
Quis saber de Deus
o que era o amor
a raiz, o esteio,
seu olho do furacão.
Quis ver com Deus
quem fez o amor
a fórmula, a essência
seu ponto de ebulição.
Quis tirar de Deus
onde mora o amor
se dorme, se passeia,
se faz alguma oração.
Quis roubar de Deus
o gosto do amor,
suas garras, âncoras,
seu pedaço de chão.
Deus ficou pensativo, desarmado,
parecia encurralado,
um tanto encabulado,
mais não fugiu da resposta,
respirou fundo e então.
Amor que é amor,
é sem raiz, sem esteio,
sem olho no furacão.
Amor que é amor
ninguém faz, não tem fórmula,
é sem essência, sem ponto de ebulição.
Amor que é amor
não mora em lugar algum,
não dorme, nem passeia,
nem faz oração.
Amor que é amor
não tem gosto, garras, âncoras,
nem pedaço de chão.
Eu sou o amor, disse Deus,
e quem deixá-lo fluir, viver, acontecer, perpetuar,
terá a minha melhor parte, meu melhor dom,
cravejando no seu coração.