QUEM DERA...

Não é só pela mulher que ama,

pelas coisas que seu coração quer;

é preciso arrumar a cama,

lavar o prato, o garfo, a colher...

Arrumar o telhado, com goteiras,

carpir o quintal, plantar hortaliças;

com as crianças inventar brincadeiras,

aprender a cozinhar, deixar de preguiça...

Depois das escolhas viver o que se sente,

domar a loucura, assentar o juízo,

sentir o poema brotar, de repente,

olhar a beleza da vida, adeus, Narciso...

Estenda o varal de idéias, reparta,

ilumine quem está ao seu redor;

a mente deve sair ao sol, da mata,

tudo ficará bem, assim será melhor...

Quem dera com todo mundo fosse assim,

sem guerras, paranóias, medo, o horror,

o explêndido acontecendo, belo, sem fim,

coroando tudo, a glória maravilhosa do amor...