EU VI
Um dia, eu vi.
A luz desmaiou e o sol a carregou nos braços.
A recostou, pacientemente, em seu colo.
As pessoas não notam quando a luz desmaia.
Cada pessoa tem luz própria,
uma espécie de gerador,
continuam luminosas,
acesas.
É como o sentimento.
Eu vi.
Um dia ele faltou a um encontro.
Muitos andavam à êsmo,
viviam uma espécie de hipnose.
Quando o sentimento voltou
continuaram andando,
bebendo café,
esperando o trem.
O mesmo aconteceu com a poesia.
Ela desmaiou perto de uma escola.
Os alunos continuaram a escrever,
cartas, ensaios, artigos acadêmicos.
Apenas um aluno foi avisado.
A poesia o amava, era o seu preferido.
Ela despertou, foram embora juntos.