INOCÊNCIO
O homem nasce ilha
para se tornar continente;
o cavalo do amor encilha
para galopar na frente...
Enfrenta a desconfiança
por dizer que vive de amor;
mal sabem que o coração
é seu mestre e tutor...
Nasce-lhe barba e bigode,
só o que sente não envelhece,
nem precisa da "comigo-ninguém-pode",
fio a fio a renda da paixão tece...
Alta árvore, vive frondoso,
urdido com a seiva poderosa;
sabe o segredo do amor poderoso,
sabe do espinho, sabe da rosa...
O amor é assim, filho do silêncio,
cativo e liberto, soma da noite e do dia;
se porventura tivesse um nome seria Inocêncio,
se tivesse, seria a forma sem forma da poesia...