ARGAMASSA DO AMOR
Não nego,
já pus prego
na mão do amor,
me fiz de oferecido,
me cortei com caco de vidro,
amar me fez sentir a dor,
encarei o abismo da paixão,
quase voei sem os pés no chão,
fiquei nublado, perdi a cor,
mas me curei do prego,
do vidro também, não nego,
aprendi a voar bem alto,
a pousar meus pés no mato,
fiz do abismo o meu espelho,
o olhei de frente, de joelhos,
escapei dos efeitos da paixão,
desci depressa da escada da ilusão,
o homem fica claro se no escuro
descobre como desviar do muro,
aceita a epopéia do descobrimento,
apruma cada destino que tem lá dentro,
até que a claridão do amor o alcança,
o velho coração se torna criança,
uma luz salta e sorri e ilumina,
daí se lê a verdadeira sina,
o ser foi feito para pôr,
na construção de si,
a argamassa do amor...