,,, o ensejo arquejado do teu sonho
Serei o ensejo arquejado do teu sonho, meu amado,
ou talvez, o imaginário basilar, fundamental,
do oásis rumorejado,
no brilho das folhagens dum quadro inacabado.
Porventura a espuma, a onda, a magistral vaga,
a pressentida obra d’arte plagiada
na distância apaziguada e na lonjura do deserto.
O mar bravio que t’habita nas horas despidas de vida.
O ímpeto clamoroso do tinto duma paixão,
a sereia que se agita, que te chama, que te grita
evidente, no desejo dissimulado de me veres,
de me teres, crisálida aberta,
ogivada em colunas gregas, sob o sol do meio-dia,
em poisio d’ absoluta entrega,
na palma da tua mão.
Serei o som sibilado da hidra, a cor rubra do pecado,
o destino antigo reencontrado, o fado lacrimejado
p’lo gemido duma guitarra.
O rosto reconhecido no recorte do tempo.
… no teu corpo, a plenitude, o momento.
Da alma, o pulsado do grito incessante, da ternura
a magnitude gloriosa, o agito do sentimento.
E no entanto, amado …
A cada dia que se acorda, que nos acorda doente,
não sou mais que dor, ardor, encanto e pranto
e tão somente, serenidade da luz plasmada
em espera
e, na noite que se tarda, farol que te alumia,
que te reconduz a ti, no bombordo da amurada.
O tudo, o nada e o quase tanto … tanto!