Nata
Do brasão de tua nata
Eu quero o ouro,
Eu quero a mata.
A vivacidade, dos teus dias.
Ser a faca, quem te fere
A carne farta do teu peito.
Que o teu som se reverbere
Tal gargalhadas, a seu jeito.
Ah, seu jeito descabido...
Todo ele de purezas,
Te denota com destreza
A travessura de teus mimos.
Se bela agora, por que feia mais além?
Amarga ora, e doce mais noutro instante.
Pudera - eu - ser teu amante
Abdicante de tua sorte lázara
Nas noites só de humor tangente.
Tê-la intensa, mas não bárbara.
A infame lida, assim vejo,
Incide só no teu pecado,
Que é ter, antes, acabado
De que findo meu desejo.
Foi-te, ser bela noutras partes
Deixaste no ninho desafogo
Em meu espirito, tua arte
E no pasto em que passaste
Amor, riqueza mais que ouro.
Ah, tu enterraste o meu tesouro
Que é bem toda imagem tua
De bem vestida, quanto nua.
E ando assim à mau agouro
A embebedar-me de lembranças
Eu, que as renego, agora pago.
E tudo quanto lembro é de um afago.
Dias de paz, boas aventuranças
Não achei em minhas andanças
Como em teu colo encontro mais.