Nata

Do brasão de tua nata

Eu quero o ouro,

Eu quero a mata.

A vivacidade, dos teus dias.

Ser a faca, quem te fere

A carne farta do teu peito.

Que o teu som se reverbere

Tal gargalhadas, a seu jeito.

Ah, seu jeito descabido...

Todo ele de purezas,

Te denota com destreza

A travessura de teus mimos.

Se bela agora, por que feia mais além?

Amarga ora, e doce mais noutro instante.

Pudera - eu - ser teu amante

Abdicante de tua sorte lázara

Nas noites só de humor tangente.

Tê-la intensa, mas não bárbara.

A infame lida, assim vejo,

Incide só no teu pecado,

Que é ter, antes, acabado

De que findo meu desejo.

Foi-te, ser bela noutras partes

Deixaste no ninho desafogo

Em meu espirito, tua arte

E no pasto em que passaste

Amor, riqueza mais que ouro.

Ah, tu enterraste o meu tesouro

Que é bem toda imagem tua

De bem vestida, quanto nua.

E ando assim à mau agouro

A embebedar-me de lembranças

Eu, que as renego, agora pago.

E tudo quanto lembro é de um afago.

Dias de paz, boas aventuranças

Não achei em minhas andanças

Como em teu colo encontro mais.

Thiago Inácio
Enviado por Thiago Inácio em 21/09/2020
Código do texto: T7068699
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