SAGA PERDIDA

O amor se abre em nuvens

Trazendo sua chuva

Maria já foi traída, humilhada

Nas mãos de seu José

Seus filhos coitados até já sangraram

E ela quase perdeu sua fé

Maria rezava de noite pra Deus

Que a fome lhe apertava

Queria trabalho fora de casa

Mas Zé não aceitava

Um dia a cachaça alterou seu José

Que bateu em sua Maria

Um filho partiu então para briga

Mas Maria disse: “Saia”

“Não quero ninguém se metendo aqui

Nas brigas com seu pai

Quem manda aqui é ele e só ele

Não digam nenhum ai”

Um dia surgiu um moço galã

Com sorriso e boa fama

Achou Maria madura e bela

Uma meiga e fina dama

No bar, lhe contaram sua história maldita

De dor e sofrimento

O moço se condoeu e por ela

Lhe brotou um sentimento

De tudo ele fez que havia em mãos

Pra chamar-lhe a atenção

Mas ela impassível seguia na rua

Trancada de coração

Foi quando de porre seu Zé expulsou

Maria, sem nada, de casa

Na chuva, sozinha, espancada deitou-se

No meio daquela praça

Quem viu a cena foi o moço Augusto

Que pegou Maria nos braços

Levou a sua casa a dama em delírio

E ofereceu seu regaço

Aos prantos ela chamou pelos filhos

Queria para casa voltar

Mas Augusto então declarou seu amor

E pediu para ela ficar

Mas Zé ameaçara Maria de morte

Juntamente com seus filhos

Maria temia só pelos rebentos

Se viesse a sair dos trilhos

A tempestade gritava, assombrava

Quando Zé apareceu

E ao ver que Augusto a Maria abraçava

De ódio enlouqueceu

Num tiro certeiro acerta Maria

Que nunca lhe traíra

Seria fiel mesmo no sacrifício

Pelos filhos que criara

Numa luta Augusto enfim consegue

Matar seu rival

Mas sua morte não serve de consolo

Maria está muito mal

“Crie meus filhos, Augusto, eu peço

Prepare-os pra jornada

Eu morro feliz, pois eu sei

Que amei e fui amada”

Mas da tempestade um anjo aparece

Das nuvens numa chama

E faz curar a Maria das dores

E um perfume dela emana

Augusto enfim enlaça Maria

E os dois então se unem

E o sol desfez toda tempestade

E as trevas todas somem...

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 10/07/2020
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