O MENININHO E A MOLECA
Quero derrubar os muros e, se não der, pular o portão,
Sair em disparada e assustar a passarada, quase voar
De tão distraído, de tão subtraído de razão, feito louco,
Arruaceiro, gritar seu nome até que venha na varanda.
Anda depressa o pensamento, o vento que arremessa
Meu corpo ao seu encontro, confronto de ideias, pedir
Entre azaleias que me aceite, que deite onde eu deitar
E possa acordar sempre aconchegada, aninhada, feliz.
Sonhar é exercício da criança que nunca morre em nós
Após insistirmos na frieza, a tristeza sucumbiu à beleza
De resgatarmos o que havíamos deixado pelo caminho,
O menininho com o pé descalço, a menininha e moleca.
Pena que nosso orgulho não permita mais estas coisas,
Que nosso coração tenha tão pouca voz ativa, à deriva
Continue a bater sem saber por que ou por quem, vem,
Passou da hora de furarmos este confinamento, é hoje!