O MENININHO E A MOLECA

Quero derrubar os muros e, se não der, pular o portão,

Sair em disparada e assustar a passarada, quase voar

De tão distraído, de tão subtraído de razão, feito louco,

Arruaceiro, gritar seu nome até que venha na varanda.

Anda depressa o pensamento, o vento que arremessa

Meu corpo ao seu encontro, confronto de ideias, pedir

Entre azaleias que me aceite, que deite onde eu deitar

E possa acordar sempre aconchegada, aninhada, feliz.

Sonhar é exercício da criança que nunca morre em nós

Após insistirmos na frieza, a tristeza sucumbiu à beleza

De resgatarmos o que havíamos deixado pelo caminho,

O menininho com o pé descalço, a menininha e moleca.

Pena que nosso orgulho não permita mais estas coisas,

Que nosso coração tenha tão pouca voz ativa, à deriva

Continue a bater sem saber por que ou por quem, vem,

Passou da hora de furarmos este confinamento, é hoje!

Sérgio Sousa
Enviado por Sérgio Sousa em 14/05/2020
Reeditado em 02/06/2020
Código do texto: T6946876
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