Melancolia na varanda...
A Melancolia se espreguiça
E envolve à tarde -
Alonga-se
Brinca e equilibra- se
Entre os lambrequins azuis,
Tomando conta da varanda;
Do tapete branco de crochê
Com joaninhas
E move a cadeira de balanço
Aos poucos,
Caminha pela soleira da porta
Lembra um curioso, raio de sol,
A Melancolia se encanta
E dialoga com as madeiras
Do piso da sala
(sussurros)
Nesse alongar de braços
Ela quase derruba a jarra azul
Com as minirrosas
Recém - colocadas,
Perfumadas nuvens
De algodão doce
Ao alcance das mãos...
Enternecida a Melancolia
Aproxima-se da mesa
E se observa reticente,
Num copo com água
(Espelho)
E, no cintilar da janela,
Dos traços do pôr do sol contidos
Nessa circular imagem,
Hipnotizada ela abstrai-se
E mergulha em seu reflexo...
***
“A gente encontra o próprio estilo, quando não consegue fazer as coisas de outra maneira.”
Paul Klee