Pele
No silêncio alto esmeralda
de sua sala,
gatos soltos caminham
suavemente
sobre pelos,
arranhaduras,
coerentes canduras nem tanto e toques.
Mas seus passos,
lépidas impressões de mel e malte,
são mais leves
que o andar dos felinos de olhos vítreos.
Seus olhos:
duas contas profundas
de um negro da noite de estrelas mais brilhantes
cristalizam meu assombro
por nosso encontro de eras,
esperas,
faltosas escolhas,
ermos caminhos.
Sua pele,
senda de vulcão e veias,
veios de maciez incomum, almofadas.
É essa pele que, extasiado, eu toco todo elétrico.
Essa entranha de mistério,
suores,
sobressaltos
e luz revestida.
Seria essa mulher
minha filosófica,
carnal
e nova maneira
de amar?
Um amalgamado, simbiótico amor?
O tempo,
pele revestida de surpresa
e luz, dirá.
Por hora,
agora,
essa aurora
de poema
fresco,
imantado,
azul polido
é toda sua,
é toda pele,
é toda deslumbre
e fascinação por ti:
alma amiga.
Não quero
soltar de suas mãos,
delicadas
pétalas
de nova
Musa.
Amanhã e hoje,
tempo desconexo
de felicidade e descoberta,
é o sorriso
estampado
em meu rosto novo.
No conforto tátil
de seu abraço.
É o repouso suave e quente
de seu beijo
que me impele
e mais.
Espírito, luminosidade e delicadeza.