QUIMERAS

Escuridão.

Uma rápida rememória,

não sei onde estão

os passos

que me levaram,

indistinção, miragem e precipício

se jogam em minha direção,

estou só onde não sei,

pronto para o quer que seja.

Inquietação.

Expectação.

Um estado de abandono crescente

invade todos os lados

e o tempo inaparente

em um lento lance de dados

desanda a rir,

catedrático de si, inexorado

o espaço apartado

cada vez mais apertado.

Solidão.

Cintilação.

Um estrondoso estalo e o mundo,

deveras sombras de inexatidão,

se abriu para um contato.

Percebi nas cinzas de construções

meu ego todo trucidado,

o cemitério de mim

vários eus assassinados

e uma arma em minhas mãos.

Estupefação.

Foi quando teus sorrisos solares

varreram todo aquele cenário,

na mesma velocidade

com a qual teu olho piscava

nada que não era de ti ficava,

fui envolto de cores

que ainda hoje nem sei se existem,

acalantado de toda a ajuda

eu te olhei mais atentamente

teus olhos castanhos cheios de cuidado,

teus cabelos encaracolados

cheirando a lavanda e carvalho,

o sorriso que era um sol,

a voz que melodiava com os pássaros

e aquelas palavras que eu não entendia

mas tinha certeza que eram pra mim.

Quando finalmente lembrei de tudo

o teu nome saiu dos meus lábios

ao me levantar da cama.

Para Thaís Barros

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 15/03/2020
Reeditado em 15/03/2020
Código do texto: T6888662
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