QUIMERAS
Escuridão.
Uma rápida rememória,
não sei onde estão
os passos
que me levaram,
indistinção, miragem e precipício
se jogam em minha direção,
estou só onde não sei,
pronto para o quer que seja.
Inquietação.
Expectação.
Um estado de abandono crescente
invade todos os lados
e o tempo inaparente
em um lento lance de dados
desanda a rir,
catedrático de si, inexorado
o espaço apartado
cada vez mais apertado.
Solidão.
Cintilação.
Um estrondoso estalo e o mundo,
deveras sombras de inexatidão,
se abriu para um contato.
Percebi nas cinzas de construções
meu ego todo trucidado,
o cemitério de mim
vários eus assassinados
e uma arma em minhas mãos.
Estupefação.
Foi quando teus sorrisos solares
varreram todo aquele cenário,
na mesma velocidade
com a qual teu olho piscava
nada que não era de ti ficava,
fui envolto de cores
que ainda hoje nem sei se existem,
acalantado de toda a ajuda
eu te olhei mais atentamente
teus olhos castanhos cheios de cuidado,
teus cabelos encaracolados
cheirando a lavanda e carvalho,
o sorriso que era um sol,
a voz que melodiava com os pássaros
e aquelas palavras que eu não entendia
mas tinha certeza que eram pra mim.
Quando finalmente lembrei de tudo
o teu nome saiu dos meus lábios
ao me levantar da cama.
Para Thaís Barros