O bar excêntrico e outras paragens
O caminho de pedra gasta
e música no carro,
repete estradas que cortam
o vale belo,
o vale que o sol banha lânguido,
o vale que o novo descortina em suas mãos doutas.
Princípio de quase tarde,
quase morada no distrito
do Bichinho,
lúdico presépio de criação
e nós,
nós dessas mãos dadas,
deciframos os fractais
do ato,
cenário de casas tortas,
artes e ofícios.
Nossos nomes
escolhidos
em expiação
compreendida
são bonitos agora
no emanar de nossos
lábios calados
nos beijos
e setas, reflexos fugidios das íris
e dança dos corpos
nus:
depois.
O Março,
mês meu,
signo de água,
chuva na montanha
é o melhor encarnar,
etéreo precipício.
O bar excêntrico
da cerveja predileta,
verdes vidros
na floreira e no emblema
é convite de uma intimidade
arranjada de mesa,
maciça madeira,
recostar macio,
arranjos, decoração,
arquitetônica luz cênica no muro
de musgo,
forro,
bambus e translucidez.
A primeira confissão de amor
é tão nova!
é tão certa!
Uma confissão de amor
é o sentido
desse encontro
inédito.
Será mesmo inédito, luz minha?
Braços, pele branca, diáfana.
Carinhos, arrepios de gozo.
Seu cabelo bonito de charme,
ornar de rosto quisto, desenho perfeito,
seu piscar de olhos, sorrir com os olhos.
Encanto imenso,
recanto nosso,
bar excêntrico preparado:
seleção de canções prediletas suas,
Frida Kahlo estilizada na circulação dos cômodos e anexos.
Espaço gravado na memória
do tempo:
um tempo
de achados,
suavidade incontida
e sempre.
A noite chega,
desce no véu de um sábado
perfeito
de cama depois,
dança faceira,
toques,
líquidos,
sanha,
sono
e sonho nosso, uno.
Que nada
nos faça
acordar.