Fragmentos prismáticos nas noites: lilás e depois
Parte I
Nos memento mori sem ti,
por perto,
perpétuo,
me evaporo,
poros,
aqui,
em ideias
que não consigo plasmar.
Recolho essas
reminiscências
na lembrança
bela de seu
corpo
e de sua
benfazeja calma,
amada amiga.
Assim seja sempre,
serpente
de Éden,
hedonismos:
poesia,
toques,
arrepios
e brilhos todos seus.
Muito nossos.
No que entendo de você
se em mim já me reconheço
nessa busca?
Antes,
na penumbra pálida,
tudo foi ensaio,
pedra dolorosa,
goiva em madeira crua,
minha lei de reinvento.
No que entendo neste
sentimento que me move,
no vislumbre do seu rosto,
desenho engenhoso,
carne macia,
massas cutâneas,
que revestem de luz
seus ossos de madureza.
O ontem,
a cortina
de véu que sombreia
a forma,
matiza os reflexos
de minha alvorada, despertada alma,
no enlace de suas mãos.
Sentido diáfano
de seu ser.
A sala escura do cinema
na terra do extraterreno
de outrora
e hoje,
estampido de felicidade
e novidade conhecida:
paradoxo de sabor doce,
única dose.
Lilases,
maçãs em seu sorriso.
Cristalina água
lúbrica
de cachoeiras
à surdina.
O que entendo de ontem
foi o nada
sem você.
Agora
o tudo
é exatidão,
merecimento
e amor.
Parte II
Na cama dos gatos,
atentos,
estátuas,
pelúcias,
exatos somos nós,
somas,
nós de mãos,
fornos,
líquidos,
bocas,
fome,
fé,
prazer,
entrega,
gozo,
olhos profundos,
latitudes,
corpos,
fusão de corpos,
sexos alertas,
frestas,
fendas,
sendas,
prendas,
Espíritos despertos
na solidão
da madrugada
de Lavras:
labor
e descanso
na exaustão
do ato.
Parte III
Posses:
temos quatro músicas,
artistas diversos inspirados,
um bar excêntrico (retrato eterno na pele da memória),
um bar do primeiro beijo (retrato primevo de uma taça de vinho, cacto gentil e elétrico),
uma estrada que nos leva ao vilarejo do escravo mensageiro,
um vale aberto no peito de nossa gleba mineira,
corações,
mentes ainda mais.
Temos livros,
estudos,
livres poemas meus teus,
temos cores,
motes,
cachoeira de Carrancas,
Sant´Anas no museu,
emoção do museu da base de pedra cortada,
antiquíssima masmorra.
Temos a semana veloz,
a ausência que é saudade boa
que sanamos no abraço,
temos o abraço,
laço de magnética força,
temos o leme das nossas vidas,
o passado de dores psicológicas,
ilógicas épocas,
andores das igrejas visitadas,
afrescos diferentes,
temos cultos,
doutas palestras
e filosofia.
Temos sites,
temos Camus
e rock`n`roll.
Temos pelos,
alergia minha,
franzir de olhinhos ao sorrir seu,
solidões necessárias nossas,
temos um filme completo na sala escura
e outros,
interrompidos
pelo sono
e pelo afã no sofá,
chamado dos sentidos.
Temos os sentidos,
beijos quentes
e sensual busca profunda,
mãos,
seios,
coxas,
dedos,
línguas,
dentes,
unhas,
temos esses encontros,
essas pequenas doses de paraíso na Terra.
Temos também nossas histórias
de passado,
passadiços,
que parecem,
hoje,
pueris
experiências
de teste,
acertos,
erros
e esquecimentos.
Temos o Março,
o Março perfeito,
marco de nossa
causa,
efeito,
lei imutável
que nos trouxe
aqui,
sempre
e mais.
Temos,
como diriam:
meio caminho andado.
Andemos.
Parte IV
Amor
é
uma
palavra
muito
bonita,
menina de Vassouras:
belíssima!